quinta-feira, 8 de julho de 2010

Escola é modelo para socialização de deficientes.


Tamires do Nascimento chega à escola pontualmente às 7h30. Segue pelos amplos corredores, guiando-se pelo corrimão. Para encontrar sua sala, tateia as placas com inscrição em braile localizadas à direita de toda porta. A professora a recebe de prontidão e a encaminha para sua carteira, na segunda fileira em frente ao quadro-negro. Tamires é aluna do oitavo ano da Escola Municipal Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca, zona Norte do Rio. Deficiente visual desde que nasceu, a jovem, de 21 anos, é apenas uma aluna entre os 710 que se distribuem em três turnos de aulas do colégio.
A escola é considerada modelo de integração social e pedagógica para crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial. Acaba de ganhar o “Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas: A Escola Aprendendo com As Diferenças”, dado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), e vai representar a região Sudeste em congresso em Brasília de 24 a 27 deste mês.
A diretoria, além da oportunidade de fazer intercâmbio com outras escolas adaptadas para alunos com necessidades, concorre a um prêmio de R$ 8 mil oferecido pelo Governo Federal. Mas esta escola não é a única que se destaca no Rio. Segundo o IBGE, o Estado tem a maior porcentagem de instituições municipais adaptadas para a recepção de alunos portadores de deficiências.


“Temos baixo número de faltas e de atrasos. Não vou dizer que é fácil para essas crianças acompanharem as aulas com as demais. Mas a superação vem com a ajuda dos outros alunos, da família e dos professores”, afirma Rose Antunes, diretora da Orsina da Fonseca.
Desde 2007, a escola vem passando por melhorias em sua estrutura para acolher melhor os jovens que necessitam de cuidados extras. Além de estarem integrados aos demais alunos, eles podem ter maior independência no ir e vir da sala de aula. “Eles já sofrem muito preconceito por parte da sociedade. Aqui dentro não pode ter este tipo de problema. Graças a Deus nunca houve nada relacionado a isso”, garante Cheng Dannei, mãe de Mariana, outra deficiente visual que frequenta o sexto ano.
Entre os 30 alunos daquela turma, um deles é a cadeirante Gabriela da Costa, de 14 anos. Portadora de deficiência intelectual e física, Gabi, como é chamada pelos colegas de turma, é tratada como mais uma aluna, sem restrições.
Na hora do recreio, outros amigos de classe a auxiliam com a cadeira para descer as rampas. Não que isso seja necessário. Mas todos parecem gostar de interagir com ela.

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